domingo, 18 de junho de 2017

Era uma fuga desvairada
da primeira pessoa
aquela, do singular
fugia tanto do eu
com todas as forças
que nem sabia que tinha
justamente porque de si mesma
fugia
lembrava bem de nunca
olhar pra dentro
preferia prestar atenção no vento
tinha medo de encontrar
adjetivos que os outros usavam
pro seus atributos classificar
a menina não tinha aprendido
a se amar
o que não é de se admirar
afinal, quem ensina isso de uns tempos pra cá?
mas em algum momento
alguém sussurrou uma tal palavra
e m p o d e r a m e n t o
ou será que foi
a u t o c o n h e c i m e n t o
e à medida que foi organizando os pensamentos
foi descobrindo seus talentos
e percebeu que sua melhor companhia
quem podia lhe dar mais alegria
era ela própria
colocou um batom e uma saia rodada
e foi dançar.

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