terça-feira, 16 de outubro de 2018

Eu tô cansada de brigar
de pesquisar e me informar
só pra tentar te explicar
p a c i e n t e m e n t e
que são os meus que morrem do lado de cá.
Eu tô cansada de você me deslegitimar,
de insistir em um passado perfeito
que nunca existiu
já que não se consideravam sujeitos,
e sim suspeitos
os meus.
Eu tô cansada de ser odiada
pelo seu discurso
que me violenta
não só simbolicamente
e você nem atenta.
Eu tô cansada da sua preguiça
de interpretar texto
de se colocar no lugar do outro
e de sair da sua zona de conforto.
Eu tô cansada
porque responder, argumentar, disputar
cansa
porque engolir o choro e esquecer o orgulho
cansa
porque tansformar seu ódio em amor
pra te mostrar outra forma
de se comportar
cansa.
É preciso força e coragem pra continuar
mesmo sabendo que ao sair na rua
corro o risco de apanhar.
O que me conforta e me descansa
é saber
que não sou eu
quem vai bater.

segunda-feira, 2 de julho de 2018


Olho pra frente
e enxergo 360 graus
de possibilidades.
Às vezes acho bom, outras vezes ruim.
Lembro que meu julgamento
sobre os fatos
em nada altera os dados
que continuam a rolar
depois de arremessados no ar.
Se são as minhas mãos
ou a gravidade
que determinam o resultado
melhor nem se importar.

Olho pra trás
e vejo 360 graus
de caminhos
os quais percorro
sem saber onde vai dar.
Vou cuidando dos pés
apreciando as flores
e fazendo as pazes
com as pedras que me fazem tropeçar.
De que outra forma aprenderia
a me equilibrar?
Digo tchau, pra logo depois falar olá.

Fecho os olhos
e percebo 360 graus
de pensamentos
observando o nó
que a mente faz
quando se arrasta pro lado contrário
do que chamamos de paz
enquanto grita que eu mesma
sou o dado rolando.
Bem, pelo menos isso explica
o frio na barriga
e a sensação de estar
sempre 
a girar.

Respiro
360 vezes
e sinto
o que nenhuma palavra
pode alcançar
mas que sei que tem formato
circular.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

O tempo passou
nem vi
foi tão rápido
tava mais pra um borrão
turvo.
Você?
Você eu enxergo
com os dedos, os pés
e os medos.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Terminei o dia descendo no mesmo ponto, da mesma linha de ônibus que vi você subir de manhã cedo. Na correria do começo nem nos despedimos direito, você já estava atrasada e o ônibus chegou muito mais rápido do que imaginei. Seu sorriso me satisfez.
No fim do dia, no então ônibus de nome circular, fiquei tonta mais uma vez com as voltas que o mundo dá, parece até que meu estômago encucou que consegue sentir as rotações da Terra, ou que vivo em permanente estado de montanha russa.                     Com você foi queda livre.
Quase passei do ponto, perdida nas ruas que
se encontram
e desencontram
e continuam em um vai e vem sem fim,
como um borrão pela janela, ou brigadeiro com biscoito na panela, ou sua casa amarela, ou minha voz cantando em capela, ou seus olhos me dando aquela piscadela, ou eu te carregando na minha magrela, ou nós juntas dividindo a sequela, ou suas mãos fazendo em mim aquarela.
Nada disso é balela.
Agora, já tá tarde, já tomei banho gelado, já me tranquei no quarto, já me desfiz em meia dúzia de retalhos. Agora, meus olhos estão um pouco inchados e ainda é difícil enxergar as luzes.
Agora, vamos aproveitar?
O presente é leve, intenso e segue ao ritmo de um axé antigo ou de um indie rock brasileiro.
Bom e ruim
Felicidade e tristeza
Amor e dor
Não são opostos
Mas complementares
Afinal, a vida é bem mais complexa do que duas extremidades, né?

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Palavras cheias de sentidos
num dia sem sentido algum
e chove chove chove
É o fim do começo?
É o começo do fim? 
Ou estamos só        no meio?
Bem no meio de um furacão 
Mas veja, o vento nem balança as folhas das árvores que vejo pela janela do meu quarto escuro. 
Misturado com a música
o barulho da chuva
e o som da solidão
depois que você se acostuma
o silêncio traz paz

Num mar de inquietação
quem tem coragem de abrir a boca e gritar
sabendo do enorme risco de engolir água 
até se afogar? 




domingo, 10 de setembro de 2017

é dia de chuva
um domingo quase segunda
ou vice- versa
é sentir sem dizer
sem saber se deveria
sentir
ou
dizer
ou
nenhum
nem outro
é barulho de fora
pra dentro
que preenche tudo


menos o vazio.