Terminei o dia descendo no mesmo ponto, da mesma linha de ônibus que vi
você subir de manhã cedo. Na correria do começo nem nos despedimos direito,
você já estava atrasada e o ônibus chegou muito mais rápido do que imaginei. Seu
sorriso me satisfez.
No fim do dia, no então ônibus de nome circular, fiquei tonta mais uma
vez com as voltas que o mundo dá, parece até que meu estômago encucou que
consegue sentir as rotações da Terra, ou que vivo em permanente estado de
montanha russa. Com você foi
queda livre.
Quase passei do ponto, perdida nas ruas que
se encontram
e desencontram
e continuam em um vai e vem sem fim,
como um borrão pela janela, ou brigadeiro com biscoito na panela, ou
sua casa amarela, ou minha voz cantando em capela, ou seus olhos me dando
aquela piscadela, ou eu te carregando na minha magrela, ou nós juntas dividindo
a sequela, ou suas mãos fazendo em mim aquarela.
Nada disso é balela.
Agora, já tá tarde, já tomei banho gelado, já me
tranquei no quarto, já me desfiz em meia dúzia de retalhos. Agora, meus olhos
estão um pouco inchados e ainda é difícil enxergar as luzes.
Agora, vamos aproveitar?
O presente é leve, intenso e segue ao ritmo de um
axé antigo ou de um indie rock brasileiro.
Bom e ruim
Felicidade e tristeza
Amor e dor
Não são opostos
Mas complementares
Afinal, a vida é bem mais complexa do que duas
extremidades, né?
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